A "Ralé" do Telejornalismo

o problema do “jornalista amador” no Brasil e a autoridade jornalística

Autores

  • Aline Grupillo Chagas Reis Universidade da Beira Interior

DOI:

https://doi.org/10.21878/compolitica.2019.9.2.206

Palavras-chave:

Jornalista amador, Ralé, Regulamentação profissional

Resumo

Embora indispensáveis ao telejornalismo, os jornalistas de imagem constituem um grupo de agentes estatutariamente rebaixados na hierarquia da produção noticiosa. Seu lugar de “ralé”, no sentido sociológico, está relacionado à atividade que realizam, considerada “técnica” e braçal, reflexo da falta da credencial acadêmica para o exercício profissional. Como consequência, temos a permanência dos cinegrafistas na zona de conflito entre as legislações que regulam os radialistas e os jornalistas brasileiros. Sendo assim, o termo “jornalista amador” é utilizado neste artigo para designar cinegrafistas não credenciados academicamente, a fim de colocar o seguinte problema: de que maneira a atuação desses agentes expõe os limites da autoridade jornalística? Analisamos 15 entrevistas em profundidade tendo a história oral como metodologia principal.

Biografia do Autor

Aline Grupillo Chagas Reis, Universidade da Beira Interior

Aline Grupillo é jornalista, Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e doutoranda na Universidade da Beira Interior (Portugal).

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Publicado

2019-09-15

Como Citar

Chagas Reis, A. G. (2019). A "Ralé" do Telejornalismo: o problema do “jornalista amador” no Brasil e a autoridade jornalística. Compolítica, 9(2), 113–140. https://doi.org/10.21878/compolitica.2019.9.2.206